coloco a bala na boca para não colocar no coração
dramático não é? isso porque você não viu meu café da manhã da quinta-feira
não tenho conseguido dormir bem. o calor voltou
e meus amigos não tem mais mexido com poesia
meu zine está vagaroso mas existe
ainda esperam por mim?
por meu próximo número
o próximo fascículo da minha vida
talvez eu me despeça em breve
faço sessões quatro vezes por semana e mais a minha
minha cabeça está em outro lugar
as coisas estão um pouco diferentes
como posso explicar?
as coisas estão um pouco diferentes
gosto de mim e em alguns momentos não gosto nem um pouco de mim
mas ainda assim digo Aqui fico, essa é minha escolha
Daqui não passo, meu braço não torce mais que isso senão quebra
minhas fraturas estão quase que no fim calcificadas
e meu tio foi atropelado. nunca fiz uma cirurgia
e esse ano vou precisar passar pela primeira
quando eu já tiver 37
não entendo minha idade. ouço uma da Avril Lavigne
nobody's home
mas tenho várias, algumas pessoas at home
e tenho meu tênis
que está furado
mas ainda me acompanha
desde que eu não pise nos cacos de vidro do Pedro Ludovico
eu estava escrevendo um gibi mas parei,
estou estudando (menos do que eu gostaria) pro concurso mais difícil que prestei na vida
acho que tenho medo de não passar
e não estou estudando pro concurso de Brasília
por medo de passar
meu plano de saúde não funciona em Brasília
nem lá estão minhas pessoas. apesar de lá estar o Jairo
se é que ele está em Brasília
Jairo, você nunca me dá notícias
só aparece, fala Bão, e vai embora
hoje eu mordi um poste na rua e perdi a língua
vi ela batendo asas até tocar o sol e tostar
hoje eu abri minha boca e odiei me expressar
não sei o que fazer com isso
então escrevi um poema
mas cancelei o Spotify e voltei pro YouTube Music
então está tudo bem
vai ficar tudo bem,
eu acho
não tenho certeza
não entendo o novo território que minha boca desenha
não entendo o novo território que meu sangue pulsa
tenho alguns medos
escrevo documentos, preencho planilhas
faço sessões, vejo ser capaz,
sorrio pra alguém. me estresso. fico triste.
não queria me estressar.
caminho e ouço música.
vejo restaurantes em Goiânia,
escolho onde ir e vou. convido.
você precisa entender que minha vida
meta
morfose
enquando escrevo
ao longo do mês de março
dois mil e vinte quatro é um grande ano
não quero repetir erros do passado
e nem acho que seja esse o caso
dou conta do recado
e deixo a vida me levar
Cálcio
Adito & outros textos (2023)
Ano de publicação: 2023
Gênero: Poesia, Prosa, Ficção
Páginas: 46
Mídia: Digital (pdf)
Download: Aqui (6mb)
Do que se trata: meu terceiro livro (após o Mavericks e a Bluebird). Uma coletânea de textos escritos no fim de 2021. São poemas, alguns curtos, alguns mais longos e um conto, em sua maioria tratando de solidão online, da ânsia por fazer dar certo a carreira de artista e da alienação diante de um quadro de desemprego.
Método: escrevendo desempregado e dormindo errado.
Obstáculo - Coletânea #1 a #6 (2015, 2016)
Gênero: Zine, Quadrinhos, Apenas para maiores
Páginas: 68
Mídia: Digital (pdf), Impresso (esgotado)
Download: Aqui (pdf, 2mb)
Do que se trata: coletânea de zines de histórias em quadrinhos experimentais. Os seis números da Obstáculo foram originalmente publicados em formato impresso entre 2015 e 2016, em pequenas tiragens, e comercializados no espaço acadêmico ou trocados com outros fanzineiros. Foram minhas primeiras tentativas de criar composições em formato de quadrinhos, cada página sendo uma história independente - com exceção da Obstáculo #2, a qual é atravessada por um poema que conduz a totalidade do volume.
Da Bluebird pra cá (2023)
Gênero: Zine, Quadrinhos, Instagram, Internet, Saúde Mental
Páginas: 08
Mídia: Digital (pdf)
Download: Aqui (pdf, 2mb)
Do que se trata: retrospectiva dos anos entre a criação da Bluebird em 2019 e sua publicação em formato físico em 2023, abordando diversos aspectos da vida do autor que sofreram transformações nesse meio tempo. Disponibilizado diretamente por e-mail aos assinantes da campanha no Apoia.se.
Maleta amudar
Eu preciso te dizer algumas coisas
já que não te encontro há tanto tempo
preciso te contar dessa maleta
que vim carregando comigo desde
os Oitenta.
Desde os oitenta tenho esta maleta
e não confunda com uma muleta
nela guardo tudo o que dói
e um tanto dói
tenho outras maletas também
mas a hora é para esta.
Nela coloquei algumas roupas
um pedaço do meu braço
unhas. Milhares delas. Livros inúteis.
Meus dentes de criança.
Um áudio de dezenove minutos.
Eu preciso trocar uma ideia com você.
Eu preciso te ver
de maneira simbólica: sua conversa
suspensa na lista de conversas recentes
na lista do WhatsApp.
Preciso ao mesmo tempo
sair dessa conversa
e respirar um ar desconhecido.
Minha câmara de ar desconhecido:
tenho alguns anos nublados em acúmulos
espinhos nos pés
dores que estavam guardadas até
receber este pop-up
de notificação da sua reação
aos meus movimentos.
O que sou eu paralém da figura triste
que você carrega num sticker?
Houve uma época
na floresta
na beira do rio.
Na boca das flores.
Mas o tempo passou e resta Pompéia.
É duro morder as pedras.
É delicado, inclusive, roê-las lentamente.
Meus dentes de adulto já não suportam mais
tanto serrilhar.
Tenho trinta e quase seis.
Perdi a conta de quantos
paraquedas furaram na descida.
Aterriso em meio à clareira à noite.
Você não está lá.
Quem está lá é outra pessoa
que nunca vi antes
e me cumprimenta
e toma as minhas medidas
mas diz não ser para o meu caixão
e não sei até onde acredito.
Talvez para meu paletó final.
Talvez para a minha cabeça de sangue.
Dôo o nome.
Colado à pedra dou meu nome.
Adesivado de nicotina o nome.
Enrolado o tabaco o nome.
Roída a pedra o nome.
Trincado o peito o nome.
Incondicional pausa no nome.
Silábico o nome. Acentuado.
Ao usar meu nome uso um dispositivo
que aciona semáforos, faróis,
não sei mais em qual época da vida me encontro,
não sei mais em qual cidade moro,
se estou em Goiânia ou São Carlos SP,
se moro numa kitnet ou na outra,
se meus amigos são os amigos ou outros amigos,
se meus dentes são de criança ou adulto,
se meu coração ainda é um coração,
se moro na floresta ou se a floresta mora em mim,
cumprimento alligators, telefonam-me
meu parentesco com répteis está no meu rg,
nasço de um ovo, minha mãe chora.
Nasço de novo, minha maleta não vai embora.
Nasço de novo, minha maleta vai à escola.
Encontra outras maletas
e nem todas são tristes. Troca roupas.
Troca livros inúteis por.
Descostura.
Perde o pedaço do braço e volta para casa
com uma perna de outra.
Calça novos sapatos.
Não me reconhece mais.
Bate a porta quando entra no quarto.
É terça-feira. Acordo cedo.
Encontro um bilhete.
Alguém me deu uma mochila
e um copo com café.
Minha vida nunca mais será a mesma.
Entrevista na Casa de Vidro - Marcelo Dakí sobre Bluebird e ensaio sobre Lain (25/04/2023)
Entrevista realizada por Eduardo Carli na Casa de Vidro Ponto de Cultura. Falamos sobre os conteúdos da história em quadrinhos Bluebird, a ser lançada em maio de 2023, e do recém-publicado ensaio sobre Lain (Como posso deprimido como posso exercer funções paranoides nesse ponto de pulo no século - Um ensaio sobre Serial Experiments Lain e seus encapsulamentos para um cyberBrazil 202X).
As obras abordam diversos aspectos da vida digital contemporânea, como o uso generalizado de redes sociais, o papel dos aplicativos em nossas vidas e também os lados mais sombrios da internet. Além disso, tratam de questões sensíveis sobre saúde mental e bipolaridade.
Entrevista para Ícaro Luziardi - Ensaio sobre Lain (Mandrake 08/04/2023)
Entrevista realizada por Ícaro Luziardi (Jornalismo/UniAlfa) na Mandrake Comic Shop no lançamento da obra “Como posso deprimido como posso exercer funções paranoides neste ponto de pulo no século - Um ensaio sobre Serial Experiments Lain e seus encapsulamentos para um cyberBrasil 202X” (a pronúncia é Dois Mil e Vinte Xis, referindo-se à década atual).
Conversamos sobre como é ser um quadrinhista em Goiânia, processos
criativos, influências, o poder da abstração e também sobre saúde
mental.
O ensaio ainda pode ser adquirido na Mandrake Comic Shop ou diretamente comigo pelo instagram.
Alternativamente, você pode conferir a versão digital da obra de maneira gratuita aqui no blog (apesar da mídia mais adequada para o consumo da mesma
ser a impressa, te poupando de ficar dando zoom para cá e para lá).
Destravalíngua (2019)
Gênero: Ensaio, Quadrinhos, Internet, Saúde Mental, Acadêmico
Páginas: 12
Mídia: Digital (pdf)
Download: Aqui (pdf, 6mb), Revista completa aqui
Do que se trata: Meu primeiro ensaio visual, escrito para o nº 17 da Revista do Colóquio da Universidade Federal do Espírito Santo - UFES em 2019. O trabalho foi construído à época da elaboração da BLUEBIRD, tratando de temas como o meu fazer artístico e suas motivações, a busca por equilíbrio em saúde mental, o período de ilustração de podcasts, a criação da HQ e a breve relação com a pintura de santos católicos.
MIRIRIM 18 (2023)
Gênero: Zine, Quadrinhos, Instagram, Internet, Saúde Mental
Páginas: 10
Mídia: Digital (pdf)
Download: Aqui (pdf, 3mb), No Instagram
Do que se trata:
décimo-oitavo volume da Miririm,
publicado apenas em formato digital. Seguindo a estética do formato
carrossel no Instagram. O poema nas páginas 06 e 07 é uma colaboração de Jairo Macedo.
MIRIRIM 17 (2023)
Gênero: Zine, Quadrinhos, Instagram, Internet
Páginas: 10
Mídia: Digital (pdf)
Download: Aqui (pdf, 3mb), No Instagram
Do que se trata:
décimo-sétimo volume da Miririm,
publicado apenas em formato digital. Seguindo a estética do formato
carrossel no Instagram. Algumas páginas brincam de ser ensaios sobre
estudos de redes e internet. As páginas 02 e 09 são colaborações de Marcos Arão Rocha.
MIRIRM 16 (2023)
Gênero: Zine, Quadrinhos, Instagram, Internet
Páginas: 10
Mídia: Digital (pdf)
Download: Aqui (pdf, 2mb), No Instagram
Do que se trata:
décimo-sexto volume da Miririm,
publicado apenas em formato digital. Seguindo a estética do formato carrossel no Instagram. Algumas páginas brincam de ser ensaios sobre estudos de redes e internet.
MIRIRIM 15 (2023)
Gênero: Zine, Quadrinhos, Instagram
Páginas: 10
Mídia: Digital (pdf)
Download: Aqui (pdf, 2mb), No Instagram
Do que se trata:
décimo-quinto volume da Miririm, publicado apenas em formato digital. Dessa vez migrando a estética para o formato carrossel no Instagram. Provavelmente os próximos números serão assim também.
Dia da Semana
Caminho rumo a quatro árvores
as mesmas árvores rumo às quais caminhei hoje
são as árvores rumo às quais caminharei amanhã.
Fiz um desenho na minha cabeça, por quinze minutos.
Um ziguezague de pontos pontos os mesmos pontos de antes
os mesmos pontos do dia
os mesmos pontos de quando estava em casa
os STASI. Sem êxtase.
Alucinei no Pi. Fiz equações em mim mesmo.
Multipliquei resultados que encontrei
não sei onde, nos fundos dos bolsos
e removi a pulseira
para recolocá-la posteriormente.
Eu trago tudo para cá:
São José, o carpinteiro, trago para cá.
Coloco no carro comigo, coloco no cigarro comigo.
Junto com Daphne Oram, coloco no carro comigo.
Caminhamos de carro.
Aonde chegaremos resta saber.
Temos meia hora e o tempo já está correndo.
Quero saber se a inquilina debaixo de mim
se incomodará com meu ventilador
até o fim dos tempos.
Mas entendo que o negócio é uma turbina.
Tenho um poema para enviar à Piauí.
Mas entendo que não cabe na bobina.
Escrevo cânticos com lápis e apago,
os tristes, reescrevo bonitos, escrevo em mim o nome
de quem digo a quem pertenço.
Queria comer uma jantinha.
Pensei num cara de um date hipster
que quando levasse a menina pra sair
levasse ela pra comer uma jantinha.
Que decepção seria.
Mas a jantinha era boa, tinha bons molhos.
Que decepção seria.
Se eu nascesse Wandinha.
E sem varinha não tivesse a desculpinha
para ser assim, quarta-feirado,
inflamado, com a asa arrancada.
Eu sou um anjo com as asas podadas.
E meu nome está numa lista.
Meu nome está numa lista e nela pertenço.
Meu nome está numa lista e nela me teço.
De terça a sexta tocando os sinos.
Ring your bells. Ring your bells.
Christ is coming. Ring your bells.
Minha parafernália musical está apenas começando
e talvez eu seja um trineto de Hermeto
tímido
ainda sem cassetes
quem sabe eu não escreva um dia uma carta para vocês
de longe
mais longe do que os Estados deste espaço
de mais longe que os olhos podem ver
quem sabe eu não receba uma carta sua
me chamando atenção no meu processo de
desistir de insistir
Quem sabe eu não seja um dia da semana
e me vista da cor que quiser
neste dia da semana
inclusive a cor translúcida
Eu peço que você tenha lido bastante coisa para chegar até aqui
Mas sabemos que o que você lerá é muito pouco
e que o que eu li é muito pouco
se comparado com o que os psicanalistas esperam de nós
Sabemos que há diferentes níveis de
hierarquia de níveis
na fauna literata deste local
e que até hoje
muitos de nós não tiveram a ousadia
de ler Grande Sertão Veredas
ou de terminar o Ulysses
ou de ler uma Antologia Poética qualquer
Eu já tenho o meu brinde
e o deposito dentro do copo
enquanto aguardo por você
que não me lerá, se Deus assim quiser
pois fico perdido em brincadeiras textuais
ao som de Daphne Oram
Isto aqui deveria ser uma prece
e será apreciado por
quem merece
pois o esforço que eu fiz hoje
foi só por mim
e as voltas que eu suei
foi só em mim
e a missa que eu vou
só vou a mim
E se eu me juntar a um culto
juro que não deixo oculto
minha predileção por
alguma comunidade
E se eu ficar sozinho
não, não ficarei sozinho
Pois receberei uma carta sua, de longe,
de mais longe que os Estados deste lugar
me convidando a ficar.
Me lembro de quando um de nós escrevia
que ia à missa num poema
e o outro respondia
em outro poema
Não vá à missa, amigo meu,
meu irmão,
cante comigo canções determinadas
importadas da bandeira portuguesa
pegue a minha mão
e agora pegue em nada no ar
pois minha mão já está pegando em outro ar
e a pessoa nem ia à missa
nem tinha mão para pegar.
E se eu ficar sozinho
não, não ficarei sozinho.
Pois receberei uma carta sua, de longe,
de mais longe que os estados deste lugar
me convidando a pousar a cabeça
no seu colo
onde eu posso ser um dia da semana.
MIRIRIM 14 + Re (2023)
Gênero: Zine, Quadrinhos, Relato em Saúde Mental
Páginas: 10
Mídia: Digital (pdf)
Download: Aqui (pdf, 31mb), conto Re Aqui (pdf, 1mb)
Do que se trata:
décimo-quarto volume da Miririm, publicado apenas em formato digital. Acompanha o conto Re, uma narrativa em quadrinhos construída através de palavras.
Método:
desenho com canetas nanquim e esferográficas sobre papel sulfite rosa. Digitalizado sem retoques. Criado durante tratamento de crise de Mania do Transtorno
Afetivo Bipolar. O conto Re que acompanha o zine foi escrito originalmente com caneta esferográfica num caderninho ao longo de dois meses, posteriormente transcrito para formato digital.
MIRIRIM 13 (2022)
Gênero: Zine, Quadrinhos, Poesia, Relato em Saúde Mental
Páginas: 16
Mídia: Digital (pdf)
Download: Aqui (pdf, 11mb)
Do que se trata: décimo-terceiro volume da Miririm, publicado apenas em formato digital.